Matérias-primas - A situação do mercado em dezembro de 2024

A recente vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas gerou agitação internacional. Esta vitória não representa apenas uma mudança na política americana, mas também ameaça alterar os frágeis equilíbrios que governam o mundo globalizado de hoje. O compromisso “Make America Great Again” teve repercussões em muitos americanos, que anseiam por recuperar um passado que consideram mais seguro e próspero. No entanto, este desejo pode levar a consequências inesperadas e prejudiciais tanto para os Estados Unidos como para o resto do mundo, uma vez que prometeu tarifas de 10% ou 20% sobre todos os bens importados para os Estados Unidos e tarifas ainda mais elevadas, de 60% sobre os produtos chineses.

Uma das principais preocupações que surgiram após a eleição de Trump é a sua abordagem ao comércio internacional. A sua intenção de implementar políticas protecionistas poderá ter um efeito devastador na economia global. A Europa, em particular, poderá ser gravemente afectada, uma vez que o comércio internacional representa quase 50% do seu PIB. As tensões comerciais iminentes poderão resultar no aumento dos preços e na inflação, complicando ainda mais a recuperação económica num continente que já enfrenta desafios significativos.

Toda esta agitação nos mercados e o resultado das eleições traduzem-se imediatamente num fortalecimento da moeda norte-americana, e especialmente face ao euro. A reacção inicial do euro foi
intensa: a moeda europeia perde 6% face aos máximos do ano em relação ao dólar norte-americano, alcançados em setembro, e esta queda é a mais acentuada desde os piores momentos da pandemia.

PRINCIPAIS GRÃOS DO MUNDO:

• TRIGO: Quase nenhuma alteração nos equilíbrios globais. Significa o maior consumo global em 4 das últimas 5 campanhas, elevando o stock global para um patamar de 257 milhões de toneladas, o mais baixo desde a campanha 2015/2016, mas sem atingir uma percentagem que o mercado interprete como perigosa.
• MILHO: Como vemos no balanço, as produções das duas últimas campanhas são um recorde histórico mundial, e as estimativas de consumo estão próximas da produção, deixando um nível de stock acima dos 300 milhões de toneladas pela quarta campanha consecutiva. É certo que não teremos um stock tão elevado como nos anos de 2016 a 2019, onde o mundo se situava entre os 325 e os 350 milhões de toneladas de stock no final da campanha. Isto não permite que o preço esteja tão pressionado como naquele momento.
• COMPLEXO SOJA: Após a recuperação do clima na América do Sul, uma estimativa do USDA (Departamento de Agricultura Norte-Americano) e também de casas locais como a Conab no Brasil e a Bolsa de Rosário, mantêm volumes recorde de produção para o sul do o continente.

PM-PT-24-0018 U (EM-ES-23-0090)